Lembram-se das cores únicas de Arquimedes, e Leonardo e da oposição de cores no círculo de Newton?
Arquimedes e Leonardo não tinham, em seu tempo, os recursos técnicos do século 18 e Newton contava com recursos rudimentares e não havia conhecimentos da fisiologia do olho humano. Interpretavam as cores simplesmente como eram percebidas subjetivamente.
No século XIX Hering notou que a teoria tricromática não explicava a percepção subjetiva das cores. Notou que o amarelo parece ser tão primário quanto o vermelho, o verde e o azul do sistema RGB e é percebida como uma cor fundamental. É obtido pela mistura aditiva de luzes verde e vermelho, mas não aparenta conter o verde ou o vermelho. As outras cores primárias da tricromia também não aparentam conter outras cores.
Outro conceito importante postulado por Hering:
Amarelos podem ser:
avermelhados (laranja) ou esverdeados (verde limão) mas, não azulado.
Azuis podem ser:
avermelhados (violeta) ou esverdeados (turquesa) mas, não amarelado.
Verdes podem ser:
amarelados (verde limão) ou azulados (turquesa) mas, não avermelhados.
Vermelhos podem ser:
amarelados (laranja) ou azulados (magenta) mas, não esverdeados.
Então os pares azul/amarelo e verde/vermelho formam dois pares antagônicos ou oponentes.
As cores oponentes quando misturadas entre si anulam-se mutuamente, resultando em uma cor neutra, branco ou cinza. Adicionalmente, temos a oposição entre branco e preto, mas neste caso, não existe o conceito de antagonismo ou oponência pois branco e preto podem ser misturados entre si resultando em diferentes tons de cinza. Estas quatro cores foram denominadas cores fundamentais ou cores únicas.
Na figura à esquerda, é demonstrado como as cores únicas, não oponentes, formam as cores secundárias no conceito de Hering. Por exemplo, partindo-se do verde em direção ao azul, obtém-se cian, turquesa, etc.
Atenção: não se trata de mistura de luzes nem de mistura de tintas, mas apenas de como as cores são percebidas.
O ESPAÇO DE COR CIELAB
No espaço de cor xyY a posição relativa das cores tem pouca relação com a nossa percepção o que torna este sistema pouco útil para os artistas gráficos compreenderem suas relações de contrastes e harmonias.
Hering criou então um novo conceito para construção dos espaços de cores introduzindo o conceito de cores únicas, em geometria por oposição.
Neste espaço as cores únicas estão em um plano horizontal e no eixo “a” o VERDE em oposição ao VERMELHO e no eixo “b” estão AMARELO em oposição ao AZUL.
Seguindo a geometria por oposição de Hering a CIE criou em 1964 o espaço de cor CIELAB É um espaço de cor perceptualmente uniforme, isto é, a distância entre duas cores no gráfico é semelhante à percepção da diferença entre estas cores. Certamente é uma geometria muito mais útil para artistas e desenhistas quando querem combinar cores com contraste ou harmonia. Este espaço é formado por três eixos ortogonais com dois eixos horizontais azul-amarelo e verde-vermelho. O eixo vertical, a terceira dimensão, é a oposição claro-escuro.
As dimensões são lidas como:
L = branco (L+) vs. preto (L-)
a = verde (a-) vs. vermelho (a+)
b =. azul (b-) vs. amarelo (b+)
A cor ou tonalidade (hue) é lida ao longo do círculo. A pureza da cor ou saturação (chroma) é lida pelo afastamento do eixo vertical. A luminosidade da cor é lida pela altura no eixo da escala de cinzas, do preto ao branco.
Estes eixos mostram as cores opostas magenta (a+, mistura de luzes laranja e violeta), verde médio (a-), amarelo médio (b+) e azul-violeta (b-), encontradas nas extremidades dos eixos e são as cores únicas de Hering e têm o máximo de contraste fisiológico entre si.
Ao lado um casal alquímico fantasiado de cores oponentes e outras fantasias também de cores oponentes.
São manifestações artísticas onde os autores procuraram o máximo de contraste entre as cores.
Outros espaços de cor perceptualmente uniformes importantes são CIECAM, SNS, MUNSELL.